Num mundo de tantas comodidades onde se busca o bem estar, a tranqüilidade; no hodierno do sofisticado ladeado dos melhores meios para evitar o pior, falar de dor, certamente, pode aterrorizar alguns. Todavia, ela é uma grande escola. Sua definição já nos alerta para algo a ser levado a sério. Diz-nos o dicionário Aurélio: Sensação desagradável, variável em intensidade e em extensão de localização, produzida pela estimulação de terminações nervosas especiais. A dor, mesmo no seu desagradável precisa de uma atenção especial. O que podemos aprender com ela? Informa-nos Lance Armstrong: A dor é temporária. Ela pode durar um minuto, uma hora, um dia, um ano, mas finalmente acabará e alguma outra coisa tomará o seu lugar. Se eu paro, no entanto, ela dura para sempre. Quando aprendemos com a dor sua lição nos engrandece.
A dor produz o aprendizado. Alicerça a maturidade. Faz pensar com outra direção. Avança nos caminhos da consciência. Valoriza o bem estar dos sentimentos e traz raízes fortes ao coração. A dor constitui uma palavra madura, engrandecida de uma verticalidade lógica e producente. Simone Weil nos consola: A dor é a origem do conhecimento. Mesmo que ela venha a produzir lágrimas amargas, seus frutos são sagrados. A dor tem o direito de nos alertar, ensinar que a vida não é só rosas. Na sala de aula do cotidiano muitos deveres passam pelo dor e o sacrifício. No que aprendi ontem não posso desprezar no hoje. Só não posso lamentar a dor passada, no presente, isto seria criar outra dor e sofrer novamente. Cada dia que passa estou sendo avaliado pela vida. Ela é um grande professor, se não estou atento ganho a perda da oportunidade de um novo aprendizado.
Não posso ser uma mentira no existir. Cesare Cantú assevera: A dor possui um grande poder educativo: faz-nos melhores, mais misericordiosos, mais capazes de nos recolhermos em nós e persuade-nos de que esta vida não é um divertimento, mas um dever. Não somos uma página em branco. Somos a responsabilidade de assinar o branco da página que a vida nos dá todos os dias. Assinar implica comprometer-se com o advento que o dia a dia nos lisonjeia. Muitos serão na alegria, certamente, outros tantos na dor. Brinque com tudo menos com a vida. Quem se arrisca a agitar-se alegremente, foliar, saltar, pular com a vida, pode deparar-se com precipícios e arrependimentos irreversíveis. Não sujeite à sorte ou te aventures com aquilo que a vida te quer oferecer. Selma Lagerlof nos encoraja: Ninguém pode livrar os homens da dor, mas será bendito aquele que fizer renascer neles a coragem para suportá-la.
Há quem diga que a vida è tão dolorida. Todavia, ela é mãe e mestra. Feliz aquele que segue seus conselhos e orientações. Levar a sério seus cuidados é ter suas considerações no mais importante do seu ser. Seu valor é incalculável, seu mérito imprescindível. A dor merece nosso louvor. Com ela evito o erro de ontem. Programo o hoje com mais segurança. Considero melhor minhas atitudes. Minhas reflexões têm mais seiva. Sou mais oxigenado nas decisões. O dor alenta o sentimento de ir contra a corrente da vida, mas quem sabe, é nesta dificuldade que encontramos a facilidade para sermos novas pessoas. Receba a dor com valentia, com espírito cristão e estima-la-ás como um tesouro. Pense nisso.
Côn. Dr. Manuel Quitério de Azevedo
Prof.º do Seminário de Diamantina e da PUC MG
Membro da Academia de Letras e Artes de Diamantina (ALAD).
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