Para que o mundo seja do jeito que a gente quer, a mudança começa conosco, nos pensamentos, ações e sentimentos. Não adianta o ser humano ser bom, se ele tiver pensamentos negativos em relação a si e/ou ao próximo, ou reações tão negativas diante do negativo que reverte pra si o de pior. É necessário que sejamos uno em todas as nossas atitudes mentais, físicas, espirituais, pensar/agir/sentir da mesma forma, superando as diferenças e reagindo ao desconhecido sem pré-conceito, e colocando em prática a lei do amor. Quando conseguirmos juntar essas energias todas e nos tornarmos uno com o universo, teremos aprendido o que Jesus nos ensina, o que a vida nos testa, o que Deus quer de nós. Comunhão. textinho da Chris

sábado, outubro 12, 2019

AMOR E APEGO




Não podemos confundir apego com amor. Tratam-se de duas coisas bem diferentes, sendo uma o oposto da outra.

Uma coisa é o vínculo afetivo, é o amor, é o laço familiar. Esse laço não é positivo nem negativo. O amor é mais profundo tanto quanto mais profundo é o nosso desprendimento em relação àquilo que amamos. Quanto mais tentamos aprisionar ou ter a posse sobre algo ou alguém, menos amamos.

E o que é apego? Apego é, antes de tudo, uma DEPENDÊNCIA. Vamos entender isso, para que não paire mais dúvidas. Apego é quando deixamos de conviver com o outro e passamos a NECESSITAR do outro; PRECISAMOS do outro para nos preencher. Sem o outro nos sentimos vazios; sem o outro parece que falta algo dentro de nós. Isso é apego.

Não existe apego bom. Todo apego é ruim, pois é aprisionador. Com o apego existe uma POSSE em relação ao outro. Existe um sentimento de que a pessoa precisa ficar conosco, de que o outro deve sempre estar ao nosso lado. Há a sensação ilusória de que o outro nos traz felicidade, nos traz alegria. O amor pode sentir alegria com a presença do outro, mas quem ama verdadeiramente sente-se feliz quando o outro está feliz (mesmo que esteja longe). O apego só sente satisfação quando o outro está perto, está dentro de nossa esfera de poder, e quando o outro está longe, quem tem apego sofre, sente a perda, sente a necessidade do outro, a necessidade do outro para nos completar.

Quem precisa do outro para se completar, obviamente, não está completo. Algo falta dentro dessa pessoa. Ela tem alguma carência, solidão, falta, ausência. E essa ausência sempre busca algo que a complete. O apego, que é criado pelo ego, vem sempre como uma necessidade de uma garantia ilusória de que o outro estará sempre conosco. Sem essa falsa segurança, a pessoa apegada fica mal, fica carente, fica sentindo que precisa do outro para se completar, para preencher seu vazio. A pessoa apegada diz frequentemente: “Ele é minha vida. Ele é meu tudo. Sem ele não posso viver. Não sei como iria seguir sem essa pessoa”.

O amor é o oposto. O amor é livre… O amor deixa solto… Como diz Chico Xavier: “O amor não prende, liberta”. O amor quer que o outro seja feliz, independente de estar conosco ou não. Como diz Paulo de Tarso: “O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta (1 Coríntios 13:7). O amor aspira apenas à convivência entre duas pessoas que se querem bem. É uma jornada que duas almas decidiram trilhar juntas, uma ajudando a outra, uma dando força para a outra; uma ensinando a outra dentro do caldeirão das adversidades da vida humana.

Na história do Rei Salomão, há uma passagem que ficou muito famosa pela sua sabedoria e pelo sentido profundo que carrega para a vida humana. Dizem que o Rei Salomão foi um dos homens mais sábios que já existiu. Ele era filho do Rei Davi e teria recebido o dom da sabedoria diretamente de Deus. Conta a história que Deus apareceu para Salomão e disse: ““Pede-me o que quiseres e dar-to-ei!”. Nesse momento, qualquer pessoa comum poderia pedir riquezas, muitas riquezas… Poderia pedir saúde e vida longa; poderia pedir todas as condições materiais para obter o poder no mundo. No entanto, Salomão pediu algo muito simples, ele disse: “Deus… Dá-me agora sabedoria e conhecimento para os governar com competência”. E como Salomão não pediu riquezas e poder… Deus lhe deu a sabedoria.

O Rei Salomão era um espírito muito elevado e como todo espírito elevado, ele conhecia bem a verdade sobre o amor incondicional. Conta a história que existiam duas mulheres disputando uma mesma criança, um bebê… e ninguém sabia quem era a verdadeira mãe. Na hora do julgamento, ninguém pôde chegar a um consenso sobre qual das duas dizia a verdade, qual era a mãe da criança. Então, na Bíblia se diz que, nesse momento, o Rei Salomão pegou a sua espada e disse que cortaria a criança ao meio, dando um pedaço da criança para uma e outro pedaço para outra.

Esse é um dos momentos mais bonitos e significativos de toda a Bíblia. Nesse instante diz-se que uma das mulheres falou: “Não, não faça isso ao meu filho! Ele pode ficar com esta mulher, mas por favor não o mate”. Nesse momento, Salomão percebeu que essa mulher havia tido uma atitude muito desprendida. Mesmo sabendo que a criança ficaria com a outra mulher, para ela o mais importante é que seu filho ficasse bem, continuasse vivo, permanecesse saudável, independente de ficar ou não junto dela. Então, o Rei Salomão declarou que a criança deveria ser dada a esta mulher, que teve o ato de desprendimento, e não a outra mulher. Essa sim era a verdadeira mãe…

O que essa história bíblica nos traz de ensinamento sobre o amor? Ela traz à humanidade uma linda lição do amor verdadeiro, que é o amor incondicional. O que fez a mãe autêntica? Mesmo sabendo que seria separada do seu filho para sempre, ela preferiu que a criança ficasse bem com outra mulher. Muitos não sabem, mas essa é, de fato, a essência do amor verdadeiro. Essa é a incondicionalidade do amor… que somente visa o bem estar do outro de forma totalmente desapegada. Mesmo que o ser amado não fique conosco; mesmo que não esteja junto de nós, o importante para quem ama é que a pessoa esteja bem, esteja feliz, esteja com saúde, esteja viva e esteja em paz… Não importa se a pessoa vai ficar comigo ou não… o que importa é que fique bem, mesmo longe de mim.

Não tem problema se nunca mais vamos ver ou ter contato com o ser que amamos; o importante para quem ama incondicionalmente é querer o bem. O amor incondicional ama sem possuir, ama sem tentar influenciar, ama sem forçar, ama mesmo de longe. Fazendo o bem e desejando o bem sem qualquer sensação de pertencimento, sem querer guiar, sem querer estar junto. Não importa fazer nossa vontade ou suprir nossos desejos. A única coisa que importa é o bem estar, mesmo que para isso eu renuncie a qualquer poder sobre o ser amado. Esse sem dúvida é o amor que nos aproxima de Deus… e que é raro na humanidade atual. É o amor dos santos, dos anjos, dos sábios e dos mestres da Terra. É o amor dos espíritos puros… Todos aqueles que aspiram à felicidade suprema devem buscar dentro de si o amor incondicional, não apenas por um ou outro ser… mas por tudo e por todos.

Assim, o amor verdadeiro é sempre incondicional. Só o amor liberta….

(Hugo Lapa)