Para que o mundo seja do jeito que a gente quer, a mudança começa conosco, nos pensamentos, ações e sentimentos. Não adianta o ser humano ser bom, se ele tiver pensamentos negativos em relação a si e/ou ao próximo, ou reações tão negativas diante do negativo que reverte pra si o de pior. É necessário que sejamos uno em todas as nossas atitudes mentais, físicas, espirituais, pensar/agir/sentir da mesma forma, superando as diferenças e reagindo ao desconhecido sem pré-conceito, e colocando em prática a lei do amor. Quando conseguirmos juntar essas energias todas e nos tornarmos uno com o universo, teremos aprendido o que Jesus nos ensina, o que a vida nos testa, o que Deus quer de nós. Comunhão. textinho da Chris

quinta-feira, junho 30, 2011

O guardador de rebanhos - VIII


Fernando Pessoa
(Alberto Caeiro)
[213]


Num meio dia de fim de primavera
Tive um sonho como uma fotografia
Vi Jesus Cristo descer à terra,
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.



Tinha fugido do céu,
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu era tudo falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras,
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem


E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas -
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque não era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.

Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!

Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três,
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz

E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o sol
E desceu pelo primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz no braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras nos burros,
Rouba as frutas dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.

A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as cousas,
Aponta-me todas as cousas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.

Diz-me muito mal de Deus,
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
Sempre a escarrar no chão
E a dizer indecências.
A Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia,
E o Espírito Santo coça-se com o bico
E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.

Diz-me que Deus não percebe nada
Das coisas que criou -
"Se é que as criou, do que duvido" -
"Ele diz, por exemplo, que os seres cantam a sua glória,
mas os seres não cantam nada,
se cantassem seriam cantores.
Os seres existem e mais nada,
E por isso se chamam seres".
E depois, cansado de dizer mal de Deus,
O Menino Jesus adormece nos meus braços
E eu levo-o ao colo para casa.
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Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural,
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.
E a criança tão humana que é divina
É esta minha quotidiana vida de poeta,
E é porque ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre,
E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.

A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E a outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é o de saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.

A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direção do meu olhar é o seu dedo apontando.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.
Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos a dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.

Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo o universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.

Depois eu conto-lhe histórias das cousas só dos homens
E ele sorri, porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos-mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade

Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do sol
A variar os montes e os vales,
E a fazer doer aos olhos os muros caiados.
Depois ele adormece e eu deito-o
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.

Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos,
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate as palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.
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Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu no colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.
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Esta é a história do meu Menino Jesus,
Por que razão que se perceba
Não há de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam?


Fonte: Releituras

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segunda-feira, junho 27, 2011

Vampiros de energias



Todos nós os conhecemos! Sabemos como são! como se vestem! e como agem! e seus propósitos: sugar o sangue de suas vitimas, pois só assim eles sobrevivem.
De quem estamos falando??? é claro que dos " vampiros dos filmes ", o conde drácula e seus amigos, seres errantes de capa preta e grandes dentes ávidos por sangue (ou energia vital), e que andam pelas sombras em busca de suas vitimas que, na maioria das vezes, não percebem sua presença ou atuação maléfica, mesmo que estejam muito próximos.
ai, o filme termina e os vampiros desaparecem certo!?!? errado!!!! existe um tipo de vampiro que é de carne e osso, e que convivemos diariamente. estamos falando dos " vampiros de energia ". os vampiros de energia, são pessoas de nosso relacionamento diário.

Pode ser nosso irmão(a), marido/esposa, empregado, familiar, amigo de trabalho. vizinhos, gerente do banco, ou seja qualquer pessoa de nosso convivio, que esta roubando nossas energias, para se abastecer. eles roubam energia vital, comum no universo, mas que eles não conseguem receber.
Mas, por que estas pessoas sugam nossa energia, afinal????

Bem, em primeiro lugar a maioria dos vampiros de energia atuam inconscientimente, sugando a energia de suas vitimas sem saber o que estão fazendo.
o vampirismo ocorre porque as pessoas não conseguem absorver as energias das fontes naturais ( cosmicas, teluricas, etc) , tão abundantes, e ficam desiquilibradas energeticamente.

Quando as pessoas bloqueiam o recebimento destas energias naturais ( ou vitais), elas precisam encontrar outras fontes de energia mais próxima, que nada mais sao do que as outras pessoas, ou seja, você.
na verdade, quase todos nós, num momento ou outro de nossas vidas, quando nos encontramos em um estado de desiquilibrio, acabamos nos tornando vampiros de energia alheia.
Mas, como identificar estas pessoas, ou estes vampiros???? em estudos feitos, foram identificados os seguintes tipos de vampiros ( você provavelmente conhece mais de um):
· Vampiro Cobrador
· Vampiro Crítico
· Vampiro adulador
· Vampiro Reclamador
· Vampiro Inquiridor
· Vampiro Lamentoso
· Vampiro pegajoso
· Vampiro Grilo-falante
· Vampiro Hipocondríaco
· Vampiro Encrenqueiro


QUAIS AS PRINCIPAIS CARACTERISTICAS DELES? COMO COMBATÊ-LOS???

A) Vampiro Cobrador: Cobra sempre, de tudo e todos. Quando nos encontramos com ele, já vem cobrando o porque não lhe telefonamos ou visitamos. Se você vestir a carapuça e se sentir culpado, estará abrindo as portas. O melhor a fazer é usar de sua própria arma, ou seja, cobrar de volta e perguntar porque ele não liga ou aparece. Deixe-o confuso, não deixe ele retrucar e se retire rapidamente.

B) Vampiro Crítico: é aquele que crítica a tudo e a todos, e o pior que é só Critica Negativa e Destrutiva. Vê a vida somente pelo lado sombrio. A maledicência tende a criar na vítima um estado de alma escuro e pesado e abrirá sue sistema para que a energia seja sugada. Diga "não " a suas críticas. Nunca concorde com ele. A vida não é tão negra assim. Não entre nesta vibração. O melhor é cair fora e cortar até todo o tipo de contato.

C) Vampiro Adulador: è o famoso Puxa-saco. Adula o ego da vítima, cobrindo-a de lisonjas e elogios falsos, tentando seduzir pela adulação. Muito cuidado para não dar ouvidos ao adulador, pois ele simplesmente espera que o orgulho da vítima abra as portas da aura para sugar a energia.

D) Vampiro Reclamador: è aquele tipo que reclama de tudo, de todos, da vida do governo, do tempo, etc. Opõe-se a tudo, exige, reivindica, protesta sem parar. È o mais engraçado é que nem sempre dispõe de argumentos sólidos e válidos para justificar seus protestos. Melhor tática é deixa-lo falando sozinho.


E) Vampiro Inquiridor: Sua língua é uma metralhadora. Dispara perguntas sobre tudo., e não dá tempo para que a vítima responda pois já dispara mais uma rajada de perguntas. Na verdade ele não quer respostas e sim apenas desestabilizar o equilíbrio mental da vítima, perturbando seu fluxo normal de pensamentos. Para sair de suas garras, não ocupe sua mente à procura de respostas. Para cortar seu ataque, reaja fazendo-lhe uma pergunta bem pessoal e contundente., e procure se afastar assim que possível.

F) Vampiro Lamentoso: São os lamentadores profissionais, que anos a fio choram sua desgraças. Para sugar a energia da vítima, ataca pelo lado emocional e afetivo. Chora, lamenta-se e faz de tudo para despertar pena. È sempre o coitado, a vítima.Só há um jeito de tratar com este tipo de vampiro, é cortando suas asas . Corte suas lamentações dizendo que não gosta de queixas, ainda mais que não elas não resolvem situação alguma.

G) Vampiro Pegajoso: Investe contra as portas da sensualidade e sexualidade da vítima. Aproxima-se como se quisesse lambê-la com os olhos, com as mãos, com a língua. Parece um polvo querendo envolver a pessoa com seus tentáculos . Se você não escapar rápido, ele irá sugar sua energia em qualquer uma das possibilidades. Seja conseguindo seduzi-lo com seu jogo pegajoso, seja provocando náuseas e repulsa. Em ambos os casos você estará desestabilizado, e portanto, vulnerável. Saia o mais rápido possivel . Invente uma desculpa e fuja rapidamente.

H) Vampiro Grilo-Falante: A porta de entrada que ele quer arrombar é o seu ouvido. Fala, absoluto, durante horas, enquanto mantém a atenção da vítima ocupada, suga sua energia vital. Para livrar-se , invente uma desculpa, levante-se e vá embora.

I) Vampiro Hipocondríaco: Cada dia aparece com uma doença nova. Adora colecionar bula de remédios. Desse jeito chama a atenção dos outros , despertando preocupação e cuidados. Enquanto descreve os por menores de seus males e conta seus infindáveis sofrimentos, rouba a energia do ouvinte, que depois sente-se péssimo.

J) Vampiro Encrenqueiro: para ele, o mundo é um campo de batalha onde as coisas só são resolvidas na base do tapa. Quer que a vítima compre a sua briga, provocando nela um estado raivoso, irado e agressivo. Esse é um dos métodos mais eficientes para desestabilizar a vítima e roubar-lhe a energia. Não de campo para agressividade, procure manter a calma e corte laços com este vampiro.

Bem , agora que você já conhece como agem os Vampiros de Energia, vá a caça deles, ou melhor, saia fora deles o mais rápido possivel .Mas, não esqueça de verificar se você, sem querer é obvio, não é um destes tipos de Vampiro................................
Um Abraço,
Publicado pela Terapeuta de Bioenergias Vera Caballero
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domingo, junho 26, 2011

Vocabulário Espírita


Saudade:
É quando o coração que parte deixa a metade com quem fica.
Amigo:
É alguém que fica para ajudar quando todo mundo se afasta.
Amor ao próximo:
É quando o estranho passa a ser o amigo que ainda não abraçamos.
Caridade:
É quando a gente está com fome, só tem uma bolacha e reparte.
Carinho:
É quando a gente não encontra nenhuma palavra parra expressar o que sente e fala com as mâos, colocando o afago em cada dedo.
Ciúme:
É quando o coração fica apertado porque não confia em si mesmo.
Cordialidade:
É quando amamos muito uma pessoa e tratamos todo mundo da maneira que a tratamos.
Doutrinação:
É quando a gente conversa com o Espírito colocando o coração em cada palavra.
Entendimento:
É quando um velhinho caminha devagar na nossa frente e a gente estando apressado não reclama.
Evangelho:
É um livro que só se lê bem com o coração.
Evolução:
É quando a gente está lá na frente e sente vontade de buscar quem ficou para trás.
Fé:
É quando a gente diz que vai escalar um Everest e o coração já o considera feito.
Filhos:
É quando Deus entrega uma jóia em nossa mão e recomenda cuidá-lá.
Fome:
É quando o estômago manda um pedido para a boca e ela silencia.
Inimizade:
É quando a gente empurra a linha do afeto para bem distante.
Inveja:
É quando a gente ainda não descobriu que pode ser mais e melhor do que o outro.
Lágrima:
É quando o coração pede aos olhos que falem por ele.
Lealdade:
É quando a gente prefere morrer que trair a quem ama.
Mágoa:
É um espinho que a gente colocano coração e se esquece de retirar.
Maldade:
É quando arrancamos as asas do anjo que deverámos ser.
Netos:
É quando Deus tem pena dos avós e manda anjos para alegrá-los.
Ódio:
É quando plantamos trigo o ano todo e estando os pendões maduros a gente queima tudo em um dia.
Orgulho:
É quando a gente é uma formiga e quer convencer os outros de que é um elefante.
Paz:
É o prêmio de quem cumpre honestamente o dever.
Perdão:
É uma alegria que a gente se dá e que pensava que jamis teria.
Perfume:
É quando mesmo de olhos fechados a gente reconhece quem nos faz feliz.
Pessimismo:
É quando a gente perde a capacidade de ver em cores.
Preguiça:
É quando entra vírus na coragem e ela adoece.
Raiva:
É quando colocamos uma muralha no caminho da paz.
Saudade:
É estando longe, sentir vontade de voar, e estando perto, querer parar o tempo.
Sexo:
É quando a gente ama tanto que tem vontade de morar dentro do outro.
Simplicidade:
É o comportamento de quem começa a ser sábio.
Sinceridade:
É quando nos expressamos como se o outro estivesse do outro lado do espelho.
Solidão:
É quando estamos cercados por pessoas, mas o coração não vê ninguém por perto.
Supérfluo:
É quando a nossa sede precisa de um gole de aguá e a gente pede um rio inteiro.
Ternura:
É quando alguém nos olha e os olhos brilham como duas estrelas.
Vaidade:
É quando a gente abdica da nossa essência por outra, geralmente pior.

Do livro: O homem que veio da sombra de Luiz Gonzaga Pinheiro
colaboração de Ângela Weikamp
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sábado, junho 25, 2011

Sobre "escolhas"

"A vida é a arte das escolhas, dos sonhos, dos desafios e da ação consciente."
(José  Augusto Wanderley)



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"Escolher é excluir." ( Henri Bergson)

  (ou uma mulher), um emprego, uma cidade - e o que você escolheu não é um homem( nem uma mulher), nem um emprego, nem uma cidade: é uma vida."  

"Você faz suas escolhas, e suas escolhas fazem você. "
(
Steve Beckman )


Os caminhos da nossa vida são feitos de decisões e escolhas. Assim, o que cada um de nós é hoje, seja na vida profissional, seja na vida pessoal, é consequência dessas escolhas e das ações adotadas para efetivá-las.
  A todo momento, queiramos ou não, conscientes ou inconscientes, por ação ou omissão, estamos sempre fazendo escolhas. E nunca é demais lembrar que não escolher já é uma escolha.
Se queremos ser os timoneiros da nau da nossa vida, devemos procurar ser cientes das escolhas que fizemos e estamos fazendo, pois é esta consciência que nos permite assumir a responsabilidade pelos nossos atos e, consequentemente, continuar com o que estamos fazendo, ou então, mudar. É conveniente ter presente que algumas escolhas deram certo em determinados contextos, mas que, em outros, podem ser profundamente negativas. A riqueza de nossa vida está muito relacionada aos significados que damos ao que fazemos.Uma das coisas que têm forte influência sobre nossos comportamentos é o nosso sistema de crenças e valores. Neste sentido há quem diga que: "Quer você acredite que pode, quer acredite que não pode, você está certo."
Todos nós temos um conjunto de crenças e valores que fomos adquirindo ao longo da vida e que são determinantes do nosso comportamento. A consciência de que o que obtemos da vida está profundamente relacionado às escolhas que fizemos ou fazemos. É preciso lembrar as palavras de Jean P. Sartre:
 "Não importa o que fizeram de mim, o que importa é o que eu faço com o que fizeram de mim." (JOSÉ AUGUSTO WANDERLEY)


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 Não se pode ter duas coisas ao mesmo tempo. É um sinal do caráter trágico da vida, que consiste no fato de um valor não se conciliar com outro. Uma vida bem sucedida depende das escolhas que fizermos. Temos de saber o que é ou não importante para nós. A escolha inteligente implica um sentido realista dos valores e um sentido realista das proporções. Este processo de escolha - de aceitação por um lado e de rejeição pelo outro - começa na infância e continua pela vida fora. Não podemos ter tudo o que ambicionamos. O homem de negócios que procura o sucesso financeiro tem muitas vezes de abandonar os seus interesses de ordem desportiva ou cultural. Os que preferem servir os interesses espirituais, culturais ou políticos da sociedade - sacerdotes, escritores, artistas, militares, homens de estado e funcionários públicos em geral - têm quase sempre de relegar para segundo plano o bem-estar financeiro. Com uma vida limitada não podemos ser ou fazer tudo. Estamos constantemente a ter de escolher com que e com quem passar o nosso tempo, a nossa vida. Cultivar amizades toma tempo. Conservar amores também. Às vezes temos de recusar encontros desejados e desapontar muitas pessoas para termos condições de preservarmos os nossos fins. Todos os dias temos de escolher entre as coisas que estão à venda ou à exposição. Não podemos ter o mundo inteiro. Essa é uma das grandes lições da vida. Temos de escolher na altura própria, e o destino é a seara que cresce da semente da escolha. A fórmula para uma escolha inteligente exige não só um profundo conhecimento de nós próprios,  como também uma consciência responsável e uma afirmação da nossa própria maneira de ser. (Cesare Pavese)
Nossas escolhas não podem ser apenas intuitivas e sentimentais. Elas têm que refletir o que a gente é. Lógico que se deve reavaliar decisões e trocar de caminho: ninguém é o mesmo para sempre. Mas que essas mudanças de rota venham para acrescentar, e não para anular a vivência do caminho até hoje percorrido. A estrada é longa e o tempo é curto. Não deixe de fazer nada que queira, mas tenha responsabilidade e maturidade para arcar com as consequências das suas ações. Lembrem-se: suas escolhas têm 50% de chance de darem certo, mas também 50% de chance de darem errado. A escolha é sua... O risco é seu... (Pedro Bial)

Recebí de Ãngela Weikamp
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sexta-feira, junho 24, 2011

Amor


"De almas sinceras a união sincera
Nada há que impeça: amor não é amor
Se quando encontra obstáculos se altera,

Ou se vacila ao mínimo temor.

Amor é um marco eterno, dominante,
Que encara a tempestade com bravura;

É astro que norteia a vela errante,

Cujo valor se ignora, lá na altura.

Amor não teme o tempo, muito embora
Seu alfange não poupe a mocidade;

Amor não se transforma de hora em hora,
Antes se afirma para a eternidade.

Se isso é falso, e que é falso alguém provou,

Eu não sou poeta, e ninguém nunca amou".

E, Por Sermos... Amores...Amados...Amantes...Amigos...
Tudo Dito, É Verdadeiro E Por Sê-Lo, Devemos Seguir,
Como Mandamentos, Imperioso À felicidade...!!!!!
Beijos...!!! Abraços...!!! Um Cheiro...HHHUUUMMM...!!!!
William Shakespeare

Fonte:  pensador.uol 

domingo, junho 19, 2011

José

 Carlos Drummond de Andrade
Composição : Carlos Drummond de Andrade

José

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?

Como melhorar a sua Flexibilidade de Pensamento?


Todos temos tendência natural para fazer as coisas da forma que nos são mais fáceis ou familiares, e isto não tem problema nenhum. No entanto, para determinadas situações ou cenários pode ser redutor e apresentar-se como um obstáculo à realização de alguns objetivos ou tarefas. Se observarmos uma criança que iniciou a sua aprendizagem no basquetebol, a grande maioria tem tendência para driblar apenas com uma das mãos, a sua mão dominante. Se um treinador presencia esta situação, o mais certo será chamar a atenção do atleta e dizer-lhe, “Estás sempre a driblar com a mesma mão, e o defesa facilmente consegue defender sempre que fazes isso. As tuas opções são diminuídas drasticamente. Tens que driblar também com a outra mão, para que o adversário nunca saiba o que vais fazer a seguir”
Perante esta chamada de atenção, muito provavelmente o atleta diria, “não sou capaz.” Ao qual o treinador retorquía, “O que queres dizer com isso?” O atleta explicaria que sempre que tentou driblar com a mão não dominante (mais fraca) não conseguia controlar a bola. Assim sendo, criou a noção de não ser capaz. Aquilo que está aqui representado, não é o facto de não se ser capaz de fazer algo, mas sim o facto de não se tentar fazer. Certamente com treino e prática a mão não dominante do atleta irá ganhar a mesma destreza da dominante. Trata-se apenas de uma questão de treino, de execução e hábito.

PROGRAME NOVOS PADRÕES DE PENSAMENTO E COMPORTAMENTO

O mesmo principio aplica-se na reprogramação dos nossos hábitos de pensamentos dominantes. Se tivermos um hábito dominante de pensamento pessimista, tudo o que temos de fazer é “driblar” com a outra mão: Deveremos ter cada vez mais pensamentos otimistas, mais e mais vezes até que se torne um hábito e passe a ser natural para nós. Tal como descrevi no artigo, Deixe de dizer: desculpe eu não sei, eu não consigo, parte I, e parte II, em que tendencialmente e de forma automática, sem a necessidade do pensamento consciente, temos o impulso de dizer, “Eu não consigo”, colocando as nossas capacidades em segundo plano, como se isso fosse uma coisa natural para nós (passando a ser se acreditarmos que é). A existência da dificuldade por vezes tolda-nos a existência da possibilidade. Se tentarmos, experimentarmos e treinarmos, aumentamos as probabilidades de sermos bem sucedidos, com a mais valia de aumentarmos também o nosso reportório de respostas e soluções.
Pensar é como driblar a bola. Por um lado, você pode pensar de forma pessimista e ver esse seu lado a crescer e a desenvolver-se (é só uma questão de repetidamente driblar esse tipo de pensamentos). Por outro lado, você pode pensar de forma otimista, um pensamento de cada vez, de forma controlada e consciente, construindo e desenvolvendo esse hábito bem mais capacitador, repetição após repetição. A auto-motivação, é uma questão de saber até que ponto quer estar em controlo. Por dia podem passar-nos alguns milhares de pensamentos pela mente, uns mais que outros, aquilo que repetimos cristaliza-se, torna-se um hábito e na grande maioria das vezes esse hábito torna-se em convicção. Agora, imagine que cristalizou um hábito que consegue perceber como sendo-lhe prejudicial. Acha que será fácil de mudar e/ou extinguir? Para o comum dos mortais não será e, provavelmente para si também não. E percebe-se porquê, porque foi muitas vezes repetido. A força do hábito é imensa.
Desta forma, é fácil perceber que um padrão de pensamento ou comportamento não mudará simplesmente com alguns dribles positivos do pensamento. Se você é pessimista, se facilmente se aborrece ou fica mal-humorado, o seu bio-cumputador foi programado nessa direcção, por si mesmo (talvez sem estar ciente disso). No entanto, apesar da dificuldade, é possível construir e programar novos padrões de pensamento e comportamento. Mas como? Através da repetição, através da acção, um pensamento ou comportamento de cada vez. Pouco a pouco o hábito mais funcional e alternativo vai-se instalando, vai ganhando força. Quando essa força do hábito alternativo se instalar, você torna-se mais capaz, torna o seu pensamento mais flexível, com mais soluções e possibilidades de escolha. Se você conseguiu instituir um pensamento pessimista, certamente também consegue implementar um pensamento otimista. No caminho entre os dois emerge a flexibilidade de pensamento.

USE UMA VARIEDADE DE POSSIBILIDADES

É exatamente disto que trata a flexibilidade de pensamento. Opções, vários caminhos, reforçar os opostos para que se possa estabelecer um equilíbrio. O equilíbrio, tem a ver com a capacidade que cada um de nós tem para driblar a vida com ambas as mãos. Tem a ver com a oportunidade de usarmos as possibilidades que estão ao nosso alcance. Mas, para que isso seja uma realidade é necessário praticar.
Se você tem consciência que tem alguns dos seus hábitos demasiado cristalizados e que isso lhe provoca mal-estar, incapacidade, dúvida exagerada, problemas constantes no seu dia-a-dia, ou simplesmente gostaria de mudar ou melhorar algo na sua vida, drible com a outra mão. Force o seu cérebro a usar as ferramentas que tem e julga não conseguir utilizar. Destrua essa ilusão, motive-se a experimentar, ficará melhor preparado, sentir-se-á mais capaz, aumentar-lhe-á a sua confiança, pois sentirá que tem mais opções e que estas podem ser controladas por si mesmo.
Às vezes, o nosso pensamento é rígido, ou agimos em automático, agimos à nossa maneira, ou acontecem coisas  que mudam a nossa rotina ou horários e deixa-nos desconfortável, como um peixe fora de água, ou estamos constantemente a sobreanalizar as coisas.
Quando você está sendo inflexível para algo diferente do que conhece ou está acostumado, você pode sentir-se ameaçado, com medo, frustrado, e às vezes irritado. Mas esses pensamentos e sentimentos negativos exercem uma função extremamente importante, forçam-no a pensar em formas alternativas de abordar as questões ou situações incómodas.

Então, como é que você pode torna-se mais flexível no seu pensamento?

PASSO 1: PERGUNTA

Pergunte a si mesmo: “Estou sendo flexível ou inflexível nesta situação?” Muitas vezes enganamo-nos (auto-sabotagem) por acreditarmos que o nosso caminho é o caminho melhor, ou o único caminho que existe.
Trata-se de dar e receber, comprometendo, vendo as coisas de maneira diferente, tentando novos caminhos, olhar as coisas de uma perspectiva diferente, e movendo-se do estilo de pensamento problemático para o estilo de pensamento de possibilidade. Ser flexível nem sempre significa ter que ceder, mudar suas maneiras ou dizer sempre sim. O que isto significa é que em primeiro lugar você está olhando para as coisas por uma perspectiva diferente, e depois faz uma escolha do que é melhor, esta é a flexibilidade de pensamento na prática.

PASSO 2: RECONHECER

Tente perceber onde você está sendo inflexível. É no seu pensamento? É sua maneira de fazer as coisas em casa ou no trabalho, ou é com alguém em particular?
Quando a sua mentalidade ou métodos são definidos, de forma áspera, ou rígida, tente perceber como é que você pode ser mais flexível. Pegue numa folha de papel e numa coluna escreva todas as áreas da sua vida onde você está “preso” nas suas formas de raciocínio ou formas antigas de agir, e depois noutra coluna escreva todas as possibilidades, onde você pode começar a ser mais aberto, receptivo, inovador, assertivo e colaborativo.
Pode não ser em todas as áreas, mas você pode descobrir uma ou duas que poderia usar um pouco mais de flexibilidade e alternativas. Perceber isso como uma chance de mudar alguns dos seus pensamentos rígidos ou maneira de fazer as coisas. Existe um grande potencial emergente na utilização da flexibilidade de pensamento.

PASSO 3: CLAREZA

Quando você está preso na sua inflexibilidade de pensamento ou emocional, as suas emoções e raciocínios podem afetar (nublar) o seu conhecimento interior. Você pode ter expectativas de como as coisas “devem ser” e ser rápido a pular para suposições, conclusões e falsidades decorrentes da necessidade do ego estar certo, ou no controlo.
Quando somos tomados pelo impulso dos sentimentos, por vezes é difícil ver as coisas claramente e, portanto, você provavelmente reage e/ou exagera ao invés de olhar a situação e responder de forma eficaz. Este é um momento para deixar a rigidez do seu pensamento e modo de fazer as coisas tornando-se mais flexível e libertador. Ganhando clareza, você irá ver e entender as coisas de uma maneira diferente, abrindo espaço para a adaptabilidade e adequação.

PASSO 4: OUVIR

Faça algumas respirações profundas e tente ficar calmo e ouvir a voz silenciosa dentro da sua cabeça. É importante prestar atenção aos nossos pensamentos, crenças e assuntos que se cruzam na nossa mente.
Quando você fica ligado consigo mesmo, você está abrindo a sua mente para outras visões, ideias, caminhos, métodos, comportamentos e, mais importante, você está permitindo espaço para aprender com a experiência, além de alargar o seu desconforto e zonas de conforto, e expandir o seu “ser”. Quando você está-se ouvindo, está receptivo à implementação de novas oportunidades e maneiras de aprender e crescer, você está removendo do seu caminho os obstáculos ao desenvolvimento pessoal.
Dica: lembre-se há muito mais na vida do que aquilo que os olhos podem ver.

PASSO 5: IMAGINAÇÃO

Novos entendimentos, formas de resolução e atitudes emergem quando você usa adequadamente a sua mente. Poderes criativos e soluções tomam expressão quando você deixa a mente aberta a novas possibilidades
Visualize a pessoa ou situação que você sente que está a tomar a sua atenção como um meio para a prática de flexibilizar os seus caminhos, para reconhecer onde você está sendo inflexível, e ouvir a orientação que emerge dentro de si, permita que a sua imaginação o oriente para novas formas de ser e de fazer as coisas.
A palavra “nação” faz parte da palavra imaginação. Basta imaginar como seria o mundo (nação) se fôssemos todos um pouco mais flexíveis, em vez de inflexíveis nos nossos pensamentos e ações. Você não pode esperar que os outros mudem suas maneiras de ser e agir, mas você pode começar por alterar as suas. Aqui reside a verdadeira flexibilidade.
Relaxe o seu corpo e mente à medida que você embarca na viagem de aprendizagem, crescimento e expansão. Lembre-se, a flexibilidade é uma escolha e com a prática estará fazendo viagens que você nunca imaginou ser possível.
Abraço

Autor: Miguel Lucas

Blog do Autor | Artigos do Autor: Miguel Lucas Licenciado em Psicologia, exerce em clínica privada. É também preparador mental de atletas e equipas desportivas, treinador de atletismo e formador na área do rendimento desportivo. É autor da Escola Psicologia.
Escola de Psicologia
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domingo, junho 12, 2011

OS NÍVEIS DO SER HUMANO




Há alguns anos, um buscador aproximou-se de um Mestre da Arte Real (um verdadeiro Místico) e perguntou-lhe:
- Mestre, gostaria muito de saber por que razão os seres humanos guerreiam-se e por que não conseguem entender-se, por mais que apregoem estar buscando a Paz e o entendimento, por mais que apregoem o Amor e por mais que afirmem abominar o Ódio.
- Essa é uma pergunta muito séria. Gerações e gerações a têm feito e não conseguiram uma resposta satisfatória, por não se darem conta de que tudo é uma questão de nível evolutivo. A grande maioria da Humanidade do Planeta Terra está vivendo atualmente no nível 1.
Muitos outros, no nível 2 e alguns outros no nível 3. Essa é a grande maioria. Alguns poucos já conseguiram atingir o nível 4, pouquíssimos o nível 5, raríssimos o nível 6 e somente de mil em mil anos aparece algum que atingiu o nível 7.
- Mas, Mestre, que níveis são esses?
- Não adiantaria nada explicá-los, pois além de não entender, também, logo em seguida, você os esqueceria e esqueceria também a explicação.
Assim, prefiro levá-lo numa viagem mental, para realizar uma série de experimentos e aí, então, tenho certeza, você vivenciará e saberá exatamente o que são esses níveis, cada um deles, nos seus mínimos detalhes.
Colocou, então, as pontas de dois dedos na testa do consulente e, imediatamente, ambos estavam em um outro local, em outra dimensão do Espaço e do Tempo.
O local era uma espécie de bosque, e um homem se aproximava deles. Ao chegar mais perto, disse-lhe o Mestre:
- Dê-lhe um tapa no rosto.
- Mas por quê? Ele não me fez nada…
- Faz parte do experimento. Dê-lhe um tapa, não muito forte, mas dê-lhe um tapa!
E o homem aproximou-se mais do Mestre e do consulente.
Este, então, chegou até o homem, pediu-lhe que parasse e, sem nenhum aviso, deu-lhe um tapa que estalou.
Imediatamente, como se fosse feito de mola, o desconhecido revidou com uma saraivada de socos e o consulente foi ao chão, por causa do inesperado do ataque.
Instantaneamente, como num passe de mágica, o Mestre e o consulente já estavam em outro lugar, muito semelhante ao primeiro e outro homem se aproximava. O Mestre, então comentou:
- Agora, você já sabe como reage um homem do nível 1. Não pensa. Age mecanicamente. Revida sem pensar. Aprendeu a agir dessa maneira e esse aprendizado é tudo para ele, é o que norteia sua vida, é sua “muleta”. Agora, você testará da mesma maneira, o nosso companheiro que vem aí, do nível 2.
Quando o homem se aproximou, o consulente pediu que parasse e lhe deu um tapa. O homem ficou assustado, olhou para o consulente, mediu-o de cima a baixo e, sem dizer nada, revidou com um tapa, um pouco mais forte.
Instantaneamente, já estavam em outro lugar muito semelhante ao primeiro.
- Agora, você já sabe como reage um homem do nível 2. Pensa um pouco, analisa superficialmente a situação, verifica se está à altura do adversário e aí, então, revida. Se se julgar mais fraco, não revidará imediatamente, pois irá revidar à traição. Ainda é carregado pelo mesmo tipo de “muleta” usada pelo homem do nível 1. Só que analisa um pouco mais as coisas e fatos da vida. Entendeu? Repita o mesmo com esse aí que vem chegando.
A cena repetiu-se. Ao receber o tapa, o homem parou, olhou para o consulente e assim falou:
- O que é isso, moço?… Mereço uma explicação, não acha? Se não me explicar direitinho por que razão me bateu, vai levar uma surra!
Estou falando sério!
- Eu e o Mestre estamos realizando uma série de experimentos e este experimento consta exatamente em fazer o que fiz, ou seja, bater nas pessoas para ver como reagem.
- E querem ver como reajo?
- Sim. Exatamente isso…
- Já reparou que não tem sentido?
- Como não? Já aprendemos ótimas lições com as reações das outras pessoas. Queremos saber qual a lição que você irá nos ensinar…
- Ainda não perceberam que isso não faz sentido? Por que agredir as pessoas assim, gratuitamente?
- Queremos verificar – interferiu o Mestre – as reações mais imediatas e primitivas das pessoas. Você tem alguma sugestão ou consegue atinar com alguma alternativa?
- De momento, não me ocorre nenhuma. De uma coisa, porém, estou certo: – Esse teste é muito bárbaro, pois agride os outros. Estou, realmente, muito assustado e chocado com essa ação de vocês, que parecem pessoas inteligentes e sensatas. Certamente, deverá haver algo menos agressivo e mais inteligente. Não acham?
- Enfim – perguntou o buscador – como você vai reagir? Vai revidar? Ou vai nos ensinar uma outra maneira de conseguir aprender o que desejamos?
- Já nem sei se continuo discutindo com vocês, pois acho que estou perdendo meu tempo. São dois malucos e tenho coisas mais importantes para fazer do que ficar conversando com dois malucos. Afinal, meu tempo é precioso demais e não vou desperdiçá-lo com vocês. Quando encontrarem alguém que não seja tão sensato e paciente como eu, vão aprender o que é agredir gratuitamente as pessoas. Que outro, em algum outro lugar, revide por mim. Não vou nem perder meu tempo com vocês, pois não merecem meu esforço… São uns perfeitos idiotas… Imagine só, dar tapas nos outros… Besteira… Idiotice… Falta do que fazer… E ainda querem me convencer de que estão buscando conhecimento… Picaretas! Isso é o que vocês são! Uns picaretas! Uns charlatães! Imediatamente, aquela cena apagou-se e já se encontravam em outro luar, muito semelhante a todos os outros. Então, o Mestre comentou:
- Agora, você já sabe como age o homem do nível 3. Gosta de analisar a situação, discutir os pormenores, criticar tudo, mas não apresenta nenhuma solução ou alternativa, pois ainda usa as mesmas “muletas” que os outros dois anteriores também usavam. Prefere deixar tudo “pra lá”, pois “não tem tempo” para se aborrecer com a ação, que prefere deixar para os “outros”. É um erudito e teórico que fala muito, mas que age muito pouco e não apresenta nenhuma solução para nenhum problema, a não ser a mais óbvia e assim mesmo, olhe lá… É um medíocre enfatuado, cheio de erudição, que se julga o “Dono da Verdade”, que se acha muito “entendido” e que reclama de tudo e só sabe criticar. É o mais perigoso de todos, pois costuma deter cargos
de comando, por ser, geralmente, portador de algum diploma universitário em nível de bacharel (mais uma outra “muleta”) e se pavoneia por isso. Possui instrução e muita erudição. Já consegue ter um pouquinho mais de percepção das coisas, mas é somente isso. Ainda precisa das “muletas” para continuar vivendo, mas começa a perceber que talvez seja melhor andar sem elas. No entanto, por “preguiça vital” e simples falta de força de vontade, prefere continuar a utilizá-las. De resto, não passa de um medíocre enfatuado que sabe apenas argumentar e tudo criticar. Vamos, agora, saber como reage um homem do nível 4. Faça o mesmo com esse que aí vem.
E a cena repetiu-se.
O caminhante olhou para o buscador e perguntou:
- Por que você fez isso? Eu fiz alguma coisa errada? Ofendi você de alguma maneira? Enfim, gostaria de saber por que motivo você me bateu. Posso saber?
- Não é nada pessoal. Eu e o Mestre estamos realizando um experimento para aprender qual será a reação das pessoas diante de uma agressão imotivada.
- Pelo visto, já realizaram este experimento com outras pessoas. Já devem ter aprendido muito a respeito de como reagem os seres humanos, não é mesmo?
- É… Estamos aprendendo um bocado. Qual será sua reação? O que pensa de nosso experimento? Tem alguma sugestão melhor?
- Hoje, vocês me ensinaram uma nova lição e estou muito satisfeito com isso e só tenho a agradecer por me haverem escolhido para participar deste seu experimento. Apenas acho que vocês estão correndo o risco de encontrar alguém que não consiga entender o que estão fazendo e revidar à agressão. Até chego a arriscar-me a afirmar que vocês já encontraram esse tipo de pessoa, não é mesmo? Mas também se não corrermos algum risco na vida, nada, jamais, poderá ser conseguido, em termos de evolução. Sob esse ponto de vista, a metodologia experimental que vocês imaginaram é tão boa como outra qualquer. Já encontraram alguém que não entendesse o que estão a fazer e igualmente reações hostis, não é mesmo? Por outro lado, como se trata de um aprendizado, gostaria muito de acompanhá-los para partilhar desse aprendizado. Aceitar-me-iam como companheiro de jornada? Gostaria muito de adquirir novos conhecimentos. Posso ir com vocês?
- E se tudo o que dissemos for mentira? E se estivermos mal- intencionados? – perguntou o Mestre – Como reagiria a isso?
- Somente os loucos fazem coisas sem uma razão plausível. Sei, muito bem, distinguir um louco de um são e, definitivamente, tenho a mais cristalina das certezas de que vocês não são loucos. Logo, alguma razão vocês deverão ter para estarem agredindo gratuitamente as pessoas. Essa razão que me deram é tão boa e plausível como qualquer outra. Seja ela qual for, gostaria de seguir com vocês para ver se minhas conjecturas estão certas, ou seja, de que falaram a verdade e, se assim o for, compartilhar da experiência de vocês. Enfim, desejo aprender cada vez mais, e esta é uma boa ocasião para isso. Não acham?
Instantaneamente, tudo se desfez e logo estavam em outro ambiente, muito semelhante aos anteriores. O Mestre assim comentou:
- O homem do nível 4 já está bem distanciado e se desligando gradativamente dos afazeres mundanos. Já sabe que existem outros níveis mais baixos e outros mais elevados e está buscando apenas aprender mais e mais para evoluir, para tornar-se um sábio. Não é, em absoluto um erudito (embora até mesmo possa possuir algum diploma universitário) e já compreende bem a natureza humana para fazer julgamentos sensatos e lógicos. Por outro lado, possui uma curiosidade muito grande e uma insaciável sede de conhecimentos. E isso acontece porque abandonou suas “muletas” há muito pouco tempo, talvez há um mês ou dois. Ainda sente falta delas, mas já compreendeu que o melhor mesmo é viver sem elas. Dentro de muito pouco tempo, só mais um pouco de tempo, talvez mais um ano ou dois, assim que se acostumar, de fato, a sequer pensar nas muletas, estará realmente começando a trilhar o caminho certo para os próximos níveis. Mas vamos continuar com o nosso aprendizado. Repita o mesmo com este homem que aí vem, e vamos ver como reage um homem do nível 5.
O tapa estalou.
- Filho meu… Eu bem o mereci por não haver logo percebido que estavas necessitando de ajuda. Em que te posso ser útil?
- Não entendi… Afinal, dei-lhe um tapa. Não vai reagir?
- Na verdade, cada agressão é um pedido de ajuda. Em que te posso ajudar, filho meu?
- Estamos dando tapas nas pessoas que passam, para conhecermos suas reações. Não é nada pessoal…
- Então, é nisso que te posso ajudar? Ajudar-te-ei com muita satisfação pedindo-te perdão por não haver logo percebido que desejas aprender. É meritória tua ação, pois o saber é a coisa mais importante que um ser humano pode adquirir. Somente por meio do saber é que o homem se eleva. E se estás querendo aprender, só tenho elogios a te oferecer. Logo aprenderás a lição mais importante que é a de ajudar desinteressadamente as pessoas, assim como estou a fazer com vocês, neste momento. Ainda terás um longo caminho pela frente, mas se desejares, posso ser o teu guia nos passos iniciais e te
poupar de muitos transtornos e dissabores. Sinto-me perfeitamente capaz de guiar-te nos primeiros passos e fazer-te chegar até onde me encontro. Daí para diante, faremos o restante do aprendizado juntos.
O que achas da proposta? Aceitas-me como teu guia?
Instantaneamente, a cena se desfez e logo se viram em outro caminho, um pouco mais agradável do que os demais, e o Mestre assim se expressou:
- Quando um homem atinge o nível 5, começa a entender que a Humanidade, em geral, digamos, o homem comum, é como uma espécie de adolescente que ainda não conseguiu sequer se encontrar e, por esse motivo, como todo e qualquer bom adolescente, é muito inseguro e, devido a essa insegurança, não sabe como pedir ajuda e agride a todos para chamar atenção sobre si mesmo e pedir, então, de maneira velada
e indireta, a ajuda de que necessita. O homem do nível 5 possui a sincera vontade de ajudar e de auxiliar a todos desinteressadamente, sem visar vantagens pessoais. É como se fosse uma Irmã Dulce ou uma Madre Teresa de Calcutá, da vida. Sabe ser humilde e reconhece que ainda tem muito a aprender para atingir níveis evolutivos mais elevados. E deseja partilhar gratuitamente seus conhecimentos com todos os seres humanos. Compreende que a imensa maioria dos seres humanos usa “muletas” diversas e procura ajudá-los, dando-lhes exatamente aquilo que lhe é pedido, de acordo com a “muleta” que estão usando ou com o que lhes é mais acessível no nível em que se encontram. A partir do nível 5, o ser humano adquire a faculdade de
perceber em qual nível o seu interlocutor se encontra. Agora, dê um tapa nesse homem que aí vem. Vamos ver como reage o homem do nível 6.
E o buscador iniciou o ritual. Pediu ao homem que parasse e lançou a mão ao seu rosto. Jamais entenderá como o outro, com um movimento quase instantâneo, desviou-se e a sua mão atingiu apenas o vazio.
- Meu filho querido! Por que você queria ferir-se a si mesmo? Ainda não aprendeu que agredindo os outros você estará agredindo a si mesmo? Você ainda não conseguiu entender que a Humanidade é um organismo único e que cada um de nós é apenas uma pequena célula desse imenso organismo? Seria você capaz de provocar, deliberadamente, em seu corpo, um ferimento que vai doer muito e cuja cicatrização orgânica e psíquica vai demorar e causará muito sofrimento inútil?
- Mas estamos realizando um experimento para descobrir qual será a reação das pessoas a uma agressão gratuita.
- Por que você não aprende primeiro a amar? Por que, em vez de dar um tapa, não dá um beijo nas pessoas? Assim, em lugar de causar-lhes sofrimento, estará demonstrando Amor. E o Amor é a Energia mais poderosa e sublime do Universo. Se você aprender a lição do Amor, logo poderá ensinar Amor para todas as outras células da Humanidade, e tenho a mais concreta certeza de que, em muito pouco tempo, toda a Humanidade será um imenso organismo amoroso que distribuirá Amor por todo o planeta e daí, por extensão, emitirá vibrações de Amor para todo o Universo. Eu amo a todos como amo a mim mesmo. No instante em que você compreender isso, passará a amar a si mesmo e a todos os demais seres humanos da mesma maneira e terá aprendido a Regra de Ouro do Universo: – Tudo é Amor! A vida é Amor! Nós somos centelhas de Amor! E por tanto amar você, jamais poderia permitir que você se ferisse, agredindo a mim. Se você ama uma criança, jamais permitirá que ela se machuque ou se fira, porque ela ainda não entende que se
agir de determinada maneira perigosa irá ferir-se e irá sofrer. Você a amparará, não é mesmo? Você deverá aprender, em primeiro lugar, a Lição do Amor, a viver o Amor em toda sua plenitude, pois o Amor é tudo e, se você está vivo, deve sua vida a um Ato de Amor. Pense nisso, medite muito sobre isso. Dê Amor gratuitamente. Ensine Amor com muito Amor e logo verá como tudo a seu redor vai ficar mais sublime, mais diáfano, pois você estará flutuando sob os influxos da Energia mais poderosa do Universo, que é o Amor. E sua vida será sublime…
Instantaneamente, tudo se desfez e se viram em outro ambiente, ainda mais lindo e repousante do que este último em que estiveram. Então o Mestre falou:
- Este é um dos níveis mais elevados a que pode chegar o Ser Humano em sua senda evolutiva, ainda na Matéria, no Planeta Terra. Um homem que conseguiu entender o que é o Amor, já é um Homem Sublime, Inefável e quase Inatingível pelas infelicidades humanas, pois já descobriu o Começo da Verdade, mas ainda não a conhece em toda sua Plenitude, o que só acontecerá quando atingir o nível 7. Logo você descobrirá isso. Dê um tapa nesse homem que aí vem chegando.
E o buscador pediu ao homem que parasse. Quando seus olhares se cruzaram, uma espécie de choque elétrico percorreu-lhe todo o corpo e uma sensação mesclada de amor, compaixão, amizade desinteressada, compreensão, de profundo conhecimento de tudo que se relaciona à vida e um enorme sentimento de extrema segurança encheram- lhe todo o seu ser.
- Bata nele! – ordenou o Mestre.
- Não posso, Mestre, não posso…
- Bata nele! Faça um grande esforço, mas terá que bater nele! Nosso aprendizado só estará completo se você bater nele! Faça um grande esforço e bata! Vamos! Agora!
- Não, Mestre. Sua simples presença já é suficiente para que eu consiga compreender a futilidade de lhe dar um tapa. Prefiro dar um tapa em mim mesmo. Nele, porém, jamais!
- Bate-me – disse o Homem com muita firmeza e suavidade – pois só assim aprenderás tua lição e saberás finalmente, porque ainda existem guerras na Humanidade.
- Não posso… Não posso… Não tem o menor sentido fazer isso…
- Então – tornou o Homem – já aprendeste tua lição. Quem, dentre todos em quem bateste, a ensinou para ti? Reflete um pouco e me responde.
- Acho que foram os três primeiros, do nível 1 ao nível 3. Os outros apenas a ilustraram e a complementaram. Agora, compreendo o quão atrasados eles estão e o quanto ainda terão que caminhar na senda evolutiva para entender esse fato. Sinto por eles uma compaixão muito profunda. Estão de “muletas” e não sabem disso. E o pior de tudo é que não conseguem perceber que é até muito simples e muito fácil abandoná-las e que, no preciso instante em que a s abandonarem,
começarão a progredir. Era essa a lição que eu deveria aprender?
- Sim, filho meu. Essa é apenas uma das muitas facetas do Verdadeiro Aprendizado. Ainda terás muito que aprender, mas já aprendeste a primeira e a maior de todas as lições. Existe a Ignorância! – volveu o Homem com suavidade e convicção – Mas ainda existem outras coisas mais que deves ter aprendido. O que foi?
- Aprendi, também, que é meu dever ensiná-los para que entendam que a vida está muito além daquilo que eles julgam ser muito importante - as suas “muletas” – e também sua busca inútil e desenfreada por sexo, status social, riquezas e poder. Nos outros níveis, comecei a entender que para se ensinar alguma coisa para alguém é preciso que tenhamos aprendido aquilo que vamos ensinar. Mas isso é um processo demorado demais, pois todo mundo quer tudo às pressas, imediatamente…
- A Humanidade ainda é uma criança , mal acabou de nascer, mal acabou de aprender que pode caminhar por conta própria, sem engatinhar, sem precisar usar “muletas”. O grande erro é que nós queremos fazer tudo
às pressas e medir tudo pela duração de nossas vidas individuais. O importante é que compreendamos que o tempo deve ser contado em termos cósmicos, universais. Se assim o fizermos, começaremos, então, a
entender que o Universo é um organismo imenso, ainda relativamente novo e que também está fazendo seu aprendizado por intermédio de nós - seres vivos conscientes e inteligentes que habitamos planetas disseminados por todo o Espaço Cósmico. Nossa vida individual só terá importância, mesmo, se conseguirmos entender e vivenciar, este conhecimento, esta grande Verdade: – Somos todos uma imensa equipe energética atuando nos mais diversos níveis energéticos daquilo que é conhecido como Vida e Universo, que, no final das contas, é tudo a mesma coisa.
- Mas sendo assim, para eu aprender tudo de que necessito para poder ensinar aos meus irmãos, precisarei de muito mais que uma vida. Ser- me-ão concedidas mais outras vidas, além desta que agora estou vivendo?
- Mas ainda não conseguiste vislumbrar que só existe uma única Vida e tu já a estás vivendo há milhões e milhões de anos e ainda a viverás por mais outros tantos milhões, nos mais diversos níveis? Tu já foste
energia pura, átomo, molécula, vírus, bactéria, enfim, todos os seres que já apareceram na escala biológica. E tu ainda és tudo isso.
Compreende, filho meu, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.
- Mas mesmo assim, então, não terei tempo, neste momento atual de minha manifestação no Universo, de aprender tudo o que é necessário ensinar aos meus irmãos que ainda se encontram nos níveis 1, 2 e 3.
- E quem o terá jamais, algum dia? Mas isso não tem a menor importância, pois tu já estás a ensinar o que aprendeste, nesta breve jornada mental. Já aprendeste que existem 7 níveis evolutivos possíveis aos seres humanos, aqui, agora, neste Planeta Terra. O Autor deste conto conseguiu transmiti-lo, há alguns milênios, através da Tradição Oral, durante muitas e muitas gerações. O Autor deste trabalho, ao ler esse conto, há muitos anos atrás, também aprendeu a mesma lição e agora a está transmitindo para todos aqueles que vierem a lê-lo e, no final, alguns desses leitores, um dia, ensinarão essa mesma lição a outros irmãos humanos. Compreendes, agora, que não será necessário mais do que uma única vida como um ser humano, neste Planeta Terra, para que aprendas tudo e que possas transmitir esse conhecimento a todos os seres humanos, nos próximos milênios vindouros? É só uma questão de tempo, não concordas, filho meu?
Agora, se quem deste aprendizado tomar conhecimento e, assim mesmo, não desejar progredir, não quiser deixar de lado as “muletas” que está usando ou não quiser aceitar essa verdade tão cristalina, o problema e a responsabilidade já não serão mais teus. Tu e todos os demais que estão transmitindo esse conhecimento já cumpriram as suas partes. Que os outros, os que dele estão tomando conhecimento, cumpram as suas. Para isso são livres e possuem o discernimento e o livre-arbítrio suficientes para fazer suas escolhas e nada tens com isso. Entendeste, filho meu?
Recebí DO: [TRATAMENTOADISTANCIA]
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segunda-feira, junho 06, 2011

O CONTRATO SOCIAL







JEAN-JACQUES ROSSEAU (1712-1778)

LIVRO I

Quero indagar se pode existir, na ordem civil, alguma regra de administração legítima e segura, considerando os homens tais como são e as leis tais como podem ser. Procurarei sempre, nesta investigação, aliar o que o direito permite ao que o interesse prescreve, a fim de que a justiça e a utilidade não se encontrem divididas.
Entro na matéria sem provar a importância de meu assunto. Perguntar-me-ão se sou príncipe ou legislador para escrever sobre política. Respondo que não, e que por isso mesmo escrevo sobre política. Fosse eu príncipe ou legislador, não perderia meu tempo dizendo o que deve ser feito: ou o faria, ou me calaria.
Nascido cidadão de um Estado livre e membro do Soberano, por frágil que seja a influência de minha opinião nos negócios públicos, o direito de votar basta para impor-me o dever de instruir-me a esse respeito. Todas as vezes que medito sobre os governos, sinto-me feliz por encontrar sempre, em minhas reflexões, novos motivos para amar o do meu país!

CAPÍTULO I
Objeto Deste Primeiro livro

O homem nasceu livre e por toda parte ele está agrilhoado. Aquele que se crê senhor dos outros não deixa de ser mais escravo que eles. Como se deu essa mudança? Ignoro-o. 0 que pode legitimá-la? Creio poder resolver esta questão.
Se eu considerasse apenas a força e o efeito que dela deriva, diria: enquanto um povo é obrigado a obedecer e o faz, age bem; assim que pode sacudir esse jugo e o faz, age melhor ainda; porque, recobrando a liberdade pelo mesmo direito que lha tinha arrebatado, ou ele tem razão em retomá-la ou não tinham em lha tirar. Mas a ordem social é um direito sagrado, que serve de base para todos os demais. Tal direito, entretanto, não advém da natureza; funda-se, pois, em convenções. Trata-se de saber quais são essas convenções. Antes de chegar a esse ponto, devo estabelecer o que acabo de adiantar.

CAPÍTULO II
Das Primeiras Sociedades

A mais antiga de todas as sociedades, e a única natural, é a da família. Ainda assim, os filhos só permanecem ligados ao pai enquanto necessitam dele para a própria conservação. Assim que essa necessidade cessa, dissolvesse o vínculo natural. Isentos os filhos da obediência que deviam ao pai, isento o pai dos cuidados que devia aos filhos, voltam todos a ser igualmente independentes. Se continuam unidos, já não é de maneira natural, lhas voluntária, e a própria família só se mantém por convenção.
Essa liberdade comum decorre da natureza do homem. Sua primeira lei consiste em zelar pela própria conservação, seus primeiros cuidados são aqueles que deve consagrar a si mesmo, e, tão logo alcança a idade da razão, sendo o único juiz dos meios adequados à sua conservação, torna-se por isso seu próprio senhor.
É a família, pois, o primeiro modelo das sociedades políticas, o chefe é a imagem do pai, o povo a dos filhos, e todos, tendo nascido iguais e livres, só alienam sua liberdade em proveito próprio.
A diferença toda está em que, na família, o amor do pai pelos filhos compensa dos cuidados que lhes dedica, enquanto no Estado o prazer de comandar supre esse amor que o chefe não tem por seus povos.
Grotius nega que todo poder humano seja estabelecido em favor daqueles que são governados; como exemplo, cita a escravidão. Sua maneira mais comum de raciocinar consiste sempre em estabelecer o direito pelo fato. Poder-se-ia empregar um método mais conseqüente, porém não mais favorável aos tiranos.
É pois duvidoso, segundo Grotius, se o gênero humano pertence a uma centena de homens ou se essa centena de homens pertence ao gênero humano; e, ao longo de todo o seu livro, parece inclinar-se pela primeira hipótese; esta é, também, a opinião de Hobbes. Eis, portanto, a espécie humana dividida em rebanhos, cada qual com seu chefe, que o guarda para devorá-lo.
Assim como um pastor é de natureza superior à de seu rebanho, também os pastores de homens, que são os seus chefes, possuem natureza superior à de seus povos. Desse modo raciocinava, segundo Fílons, o imperador Calígula, concluindo comodamente, dessa analogia, que os reis eram deuses, ou os povos eram animais.
O raciocínio desse Calígula remete ao de Hobbes e ao de Grotius. Também Aristóteles, antes de todos eles, dissera que os homens não são naturalmente iguais, mas nascem uns para a escravidão e outros para o domínio.
Tinha razão Aristóteles, porém tomava o efeito pela causal. Todo homem nascido na escravidão nasce para a escravidão: nada mais certo. Os escravos tudo perdem sob seus grilhões, até o desejo de libertar-se deles; amam a servidão como os companheiros de Ulisses amavam o próprio embrutecimento Se há, pois, escravos por natureza, é porque houve escravos contra a natureza. A força fez os primeiros escravos, sua covardia os perpetuou. Nada disse do rei Adão, nem do imperador Noé, pai de três grandes monarcas que dividiram entre si o universo, como o fizeram os filhos de Saturno, nos quais muitos acreditaram reconhecer aqueles'. Espero que apreciem a minha moderação, pois, descendendo diretamente de um desses príncipes, e talvez do ramo mais antigo, quem sabe se, pela verificação dos títulos, eu não chegaria à conclusão de ser o legítimo rei do gênero humano? Seja como for, não se pode discordar de que Adão tenha sido soberano do mundo como Robinson foi de sua ilha, enquanto permaneceu como o seu único habitante; e o que havia de cômodo nesse império era que o monarca, garantido em seu trono, não tinha a temer nem rebeliões, nem guerras, nem conspiradores.
DO LIVRO: O CONTRATO SOCIAL 
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